Gripe aviária: 'Foco foi contido', diz ministro da Agricultura sobre caso em Montenegro
04/06/2025
(Foto: Reprodução) Nova suspeita em outra granja comercial do Rio Grande do Sul é investigada. Outras três no país foram descartadas. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, durante audiência na Câmara, no dia 28 de maio.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta quarta-feira (4), em coletiva de imprensa, que o foco de gripe aviária em Montenegro (RS) foi contido e que a doença não se espalhou para fora da granja.
"Esse vírus é tão letal que, em 4 ou 5 dias, não sobrevive um animal. Se não tem animal morrendo, o foco foi contido", afirmou Fávaro.
O caso em Montenegro aconteceu há 3 semanas e foi o primeiro a ser registrado em uma granja comercial no país. A gripe aviária chegou ao Brasil em 2023 e, até maio deste ano, só havia atingido aves silvestres e de criação doméstica.
"É importante dizer que nós estamos com 14 dias de vazio sanitário, e não tem mais morte de animal. Portanto fica muito comprovado que o caso [de gripe aviária] não saiu da granja para fora", afirmou Fávaro.
Esse vazio sanitário corresponde aos 28 dias que começaram a ser contados no dia seguinte ao término da desinfecção da granja em Montenegro, e que correspondem ao ciclo do vírus (saiba mais abaixo).
O prazo termina no próximo dia 18. Se até lá não se confirmar um novo caso, o Brasil poderá se declarar livre da gripe aviária e negociar o fim dos embargos que países impuseram ao frango.
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Novo caso
O ministério informou que há um novo caso suspeito de H5N1 (o vírus causador da doença) em uma granja comercial que está sendo investigado, em Teutônia (RS), que fica a 50 km de Montenegro.
"Foram identificados alguns animais que chegaram no abatedouro com alguns sintomas. A amostra foi colhida, encaminhada ao laboratório e vamos aguardar o resultado. É uma investigação em andamento", disse o diretor substituto do Departamento de Saúde Animal, Bruno Cotta.
Outras três suspeitas de gripe aviária em granjas comerciais que surgiram após o foco em Montenegro foram descartadas. Elas estavam localizadas em Ipumirim (SC), Aguiarnópolis (TO) e Anta Gorda (RS).
Zoo de Brasília
Ainda na última terça (3), foi confirmado um caso de gripe aviária em uma espécie de pato no zoológico de Brasília. Fávaro diz que não existe motivo para alarde com relação a esse foco.
“Impacto (comercial) é zero. É importante a investigação em qualquer tipo de animal, porque é ali que você detecta a presença de vírus circulando. Brasil faz parte da rota de aves migratórias", afirmou o ministro.
Desde o início deste ano, 451 suspeitas foram investigadas, entre aves de granja comercial, silvestres e de criação doméstica. Cinco casos foram confirmados:
dois em Montenegro , sendo o único em granja e um segundo em aves silvestres (joão-de-barro);
dois em aves de zoológicos, em Brasília (patos) e Sapucaia/RS (cisnes)
e um quinto foco em aves silvestres (cisnes) em Mateus Leme (MG).
Escavadeira abre buraco em chão de granja avícola na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, após a confirmação de caso de gripe aviária.
REUTERS/Diego Vara
Embargos ao frango
O Brasil é o maior exportador de frango do mundo. Fávaro comentou que as negociações com os países que bloquearam as importações do alimento produzido em todo o Brasil continuam. Segundo ele, uma redução significativa das restrições deve ocorrer após os 28 dias de vazio sanitário.
Os bloqueios que estão em vigor são totais ou parciais, dependendo do país. Ou seja, alguns pararam de receber o frango produzido em qualquer estado e outros limitaram o embargo ao estado do RS ou ao município de Montenegro.
Por que alguns países barraram frango de todo o Brasil e outros só do estado ou município?
A China, principal compradora do Brasil, suspendeu a carne de todo o país, assim como mais 20 países e a União Europeia. Outros 14 países suspenderam o Rio Grande do Sul e quatro, somente Montenegro.
"Por exemplo, China e UE são países importantes e já estamos em negociação para a redução da restrição para o raio [de 10 km] do foco. A UE já encaminhou um questionário para o Mapa [Ministério da Agricultura]. Já respondemos e estamos devolvendo na expectativa que reduzam as restrições. A China também", disse.
"Com relação às perdas comerciais, elas existem. Mas, de novo, é uma questão lógica. Se você pensar que 70% da produção fica no mercado interno, que 30% fica para o mercado externo. Dos 21 [países que bloquearam totalmente o Brasil], a China é um pedaço. Há uma diminuição do fluxo comercial, mas não tão importante assim", afirmou.
Emirados Árabes e Japão – segundo e terceiro maiores importadores, respectivamente – limitaram a suspensão do frango brasileiro apenas de Montenegro, o que gera um impacto pequeno.
Isso porque há apenas um frigorífico que exporta frango no município e ele fica fora do raio de 10 km do foco da doença.
Já Arábia Saudita, que é o quarto maior cliente, parou de comprar de todo o Rio Grande do Sul. Veja lista completa de embargos.
Frango em números
Arte g1