França pede que União Europeia adie prazos para assinatura de acordo com Mercosul
14/12/2025
(Foto: Reprodução) Presidente da França, Emmanuel Macron em discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2025.
LEONARDO MUNOZ / AFP
A França pediu neste domingo (14) à União Europeia que adie os prazos previstos para a assinatura do acordo comercial com o Mercosul, pois considera que "as condições não estão dadas" para uma votação dos Estados, declarou o gabinete do primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, em comunicado.
"A França solicita que se adiem os prazos de dezembro para continuar o trabalho e obter as medidas de proteção legítimas de nossa agricultura europeia", explicou o Executivo francês.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quer assinar o tratado de livre comércio com Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai no próximo sábado (20) durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu.
Segundo ela, o bloco europeu deve obter o aval dos Estados-membros esta semana, entre terça e sexta-feira.
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Resistência francesa
A França é a principal representante do grupo de países europeus resistentes a firmar o acordo que ambos os blocos negociam há duas décadas.
A Comissão Europeia anunciou em setembro um mecanismo de "monitoramento reforçado" para os produtos agrícolas expostos ao acordo, como as carnes bovina e de aves, o arroz e o etanol, com a possibilidade de intervir no mercado em caso de desequilíbrio.
Antes de se pronunciarem, os países da União Europeia esperam o resultado de uma votação do Parlamento Europeu nestaa terça-feira (16) sobre as medidas de salvaguarda destinadas a tranquilizar os agricultores, especialmente os franceses, que se opõem frontalmente ao tratado.
Antes da declaração do governo francês, o ministro de Economia e Finanças, Roland Lescure, havia afirmado em entrevista publicada neste domingo pelo jornal alemão Handelsblatt que, "em seu formato atual, o tratado não é aceitável".
Segundo Lescure, a obtenção de uma "cláusula de proteção forte e eficaz" é uma das "três condições" da França antes de dar seu sinal verde.
A segunda é que as normas aplicadas para a produção na União Europeia "devem também ser aplicadas à produção nos países parceiros", declarou o ministro, e a terceira são "controles na importação".
O tratado de livre-comércio busca favorecer as exportações de automóveis, máquinas e vinhos europeus aos países do Mercosul, em troca de facilitar a entrada de carne, açúcar, soja e arroz sul-americanos.
Os agricultores franceses temem que seu mercado seja inundado com produtos agrícolas do Mercosul, considerados mais competitivos.
Se aprovado, o acordo UE-Mercosul criaria um mercado comum de 722 milhões de habitantes.